quarta-feira, 20 de agosto de 2008

ANORMAL

Não me interessa o que é reto, resto,
certo, confesso.
Mas o que escapa do dia-a-dia fugidio.
As vicissitudes da vida.
Embora eu teime com meu tema atemático
matemático,
caleidoscópio ambulante que calcula a visão,
cópia caudalosa de meus cabelos ao vento,
foto impregnada de íntima memória.
A normalidade enfraquece o que está por vir,
e a poesia quer-se quente.
Jogo lenha na fogueira, mas não qualquer uma:
combustível fóssil, óleos que não viram tudo,
e, sobretudo, agora e sempre,
a pureza ainda não extraditada de seu estado virgem,
e o primitivismo não contaminado pela vontade da normalidade.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

CAMINHÃO



Não ando sozinho.
No caminho
levo os passos
dos meus pais,
do meu filho,
ancestrais.
Não importa a forma de locomoção.
Se é reta, curva,
Et cetera e tal.
Sigo os traços que aprendi,
normal ou anormal.
Posso mudar o destino,
encurtar as retas,
destoar as metas,
duvidar do prumo,
parecer sem rumo.
Há sempre que chegar
a algum lugar.
Na bagagem,
tanta bobagem
em compartimento especial.
Mas caminhão de mudança
apenas suporta esperança.
Nasço descalço
e no caminho, quantos percalços,
eu nunca chego ao fim.
Na maioria das vezes eu me perco de mim.


O caminho não é curto pra ninguém.
Ele é grande. É gigante.
Tal qual o mundo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

AUTOR CONVIDADO - JOÃO LENJOB


Poesia Pra Quê?
João Lenjob

Poesia pra quê?
Para parar no papel o amor que não tem fim
Para parar um pouco com a vida que continua, ou não,
Para deixar lágrimas que não molham ao escrever
(não borram, não embaçam, nem mancham);
Sobretudo poder molhar os olhos de quem lê.

Poesia pra quê?
Para expressar um sorriso que não tem dono (ou terá; será?)
Poesia para juntar forças ou talvez separá-las
Para montar um quebra-cabeça ou desmontá-lo
(ou apreciar ou ficar com preguiça até de olhar)
Para pular, brincar, voar, matar, morrer e até ser Deus.

Poesia pra quê?
Escrever pra quê?
Para legar, eternizar, legar, justificar ou tentar
Escrever pra lembrar
Escrever pra esquecer.


(...) ... (...) ... (...) ...

O João é um amigo de longa data, conterrâneo de Nova Era. Na nossa adolescência, sempre conversávamos sobre poesia e literatura. Quando eu vim para BH acabou que gente perdeu o contato e tinha uns oito anos que não o via. A internet promoveu o nosso reencontro e depois de tanto tempo foi ótimo saber que tudo aquilo que a gente sonhava (lançar livros, viver de literatura) de certa forma aconteceu.
Tudo bem, eu ainda não vivo de literatura. Nem ele. Mas a gente trocou livros: ele ficou com O menino revirado, infantil que lancei no ano passado, e eu fiquei com Cavalo Livre de Tróia, livro de poesias que ele também lançou em 2007.

Eu sei que na nossa vida muitos lançamentos ainda irão acontecer!

Quem quiser conhecer o trabalho dele, segue a dica: http://lenjob.blogspot.com/